Chefe da ONU insiste que Oriente Médio e mundo não podem 'se permitir mais guerras'
Segundo Guterres, nem a região nem o mundo podem se permitir mais guerras e o Oriente Médio está à beira do abismo
Guterres: "É hora de recuar do abismo" - Foto: Richard Pierrin/AFP
Por AFP
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou neste domingo (14) a comunidade internacional para uma possível intensificação do conflito no Oriente Médio, ao dirigir-se ao Conselho de Segurança durante uma reunião sobre o ataque do fim de semana do Irã contra Israel.
"Nem a região nem o mundo podem se permitir mais guerras", clamou Guterres. "O Oriente Médio está à beira do abismo.”
“Os povos da região enfrentam um perigo real de conflito generalizado e devastador. Este é um momento para a desescalada e a distensão. É hora de mostrar a máxima moderação", insistiu.
Nas últimas horas do sábado, o Irã lançou pela primeira vez um ataque direto contra seu inimigo declarado Israel, disparando mais de 300 mísseis e drones.
Quase todos foram interceptados por Israel e outros países, como Estados Unidos, Jordânia e Reino Unido. Doze pessoas ficaram feridas, segundo o exército israelense.
O Irã afirmou que seu ataque foi uma resposta à ofensiva aérea de 1º de abril contra o consulado de Teerã em Damasco, capital da Síria, atribuída a Israel.
Esse ataque matou sete membros do Exército de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), incluindo dois generais, e provocou ameaças de retaliação por parte do Irã. Teerã acusou Israel, que não confirmou nem negou.
A troca sem precedentes entre os dois países renovou os temores de um conflito mais amplo, incluindo um potencial contra-ataque israelense.
Os Estados Unidos disseram neste domingo que não participarão de qualquer retaliação contra o Irã, e o presidente Joe Biden advertiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a "pensar cuidadosamente" sobre qualquer escalada.
Na reunião do Conselho de Segurança, a crise foi discutida a pedido de Israel, e seu embaixador, Gilad Erdan, instou essa instância a "agir" e exigiu que "todas as sanções possíveis sejam impostas ao Irã antes que seja tarde demais".
O embaixador iraniano na ONU, Amir Saeid Iravani, argumentou que o Irã "não teve escolha a não ser exercer seu direito à autodefesa".
Guterres também pediu novamente durante a reunião de emergência um "cessar-fogo imediato" em Gaza e a libertação dos reféns tomados pelo Hamas durante seu ataque a Israel de 7 de outubro.
Ele reiterou sua condenação aos ataques do Irã a Israel e ao ataque ao consulado iraniano em Damasco.
"É hora de recuar do abismo. É vital evitar qualquer ação que possa levar a grandes confrontos militares em múltiplos fronts no Oriente Médio", concluiu.
O ataque iraniano ocorreu mais de seis meses após o começo da ofensiva liderada por Israel na Faixa de Gaza contra o grupo palestino Hamas, apoiado pelo Irã, que aumentou ainda mais as tensões entre os dois países inimigos.
A incursão do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro resultou na morte de 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em números israelenses.
Em retaliação, Israel lançou operações que já mataram pelo menos 33.729 pessoas em Gaza, a maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde desse território governado pelo Hamas.