Israel bombardeia Gaza enquanto mundo aguarda resposta do país ao ataque do Irã
O Exército israelense afirmou que o ataque iraniano não impedirá o país de alcançar o objetivo de eliminar o movimento islamista palestino Hamas
Bombardeios seguem em Gaza - Foto: AFP
Por AFP
Israel prosseguiu, nesta segunda-feira (15), com as operações na Faixa de Gaza, executando dezenas de bombardeios, enquanto a comunidade internacional aguarda a sua resposta ao ataque sem precedentes do Irã, que aumentou o temor de um conflito regional.
O Irã executou, no sábado à noite, um ataque com drones e mísseis, em resposta a um bombardeio, que Teerã atribui a Israel, contra o seu consulado em Damasco, no dia 1º de abril.
Israel afirma que o ataque iraniano foi "frustrado", mas o Irã considerou o "assunto resolvido", com um alerta ao arqui-inimigo contra qualquer "comportamento imprudente" que possa desencadear uma reação "muito mais forte".
Diante da questão da resposta de Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convocou, nesta segunda-feira, o gabinete de guerra, depois de uma reunião no domingo que, segundo a imprensa local, não resultou em nenhuma decisão.
O governo dos Estados Unidos, aliado de Israel, afirmou, no domingo, que não deseja "uma guerra mais ampla com o Irã". Uma fonte da Casa Branca insistiu que o país não participará "em nenhuma ação potencial" de Israel.
"Não apoiamos um ataque em represália", declarou nesta segunda-feira o chefe da diplomacia do Reino Unido, David Cameron, ao canal BBC.
E o presidente francês, Emmanuel Macron, fez um apelo que as partes evitem uma "conflagração", um pedido compartilhado por grande parte da comunidade internacional.
"Nem por um momento"
O Exército israelense afirmou que o ataque iraniano do fim de semana não impedirá o país de alcançar o objetivo de eliminar o movimento islamista palestino Hamas, aliado do Irã, na Faixa de Gaza.
A guerra explodiu quando combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro e mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo dados oficiais israelenses.
Também fizeram 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que estão mortos, de acordo com as autoridades israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.797 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo movimento islamista.
"Apesar dos ataques do Irã, não perdemos de vista – nem por um momento – nossa missão essencial em Gaza, que consiste em salvar os nossos reféns que estão sob poder do Hamas", disse o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari.
Antes do amanhecer, dezenas de bombardeios atingiram o setor de Khan Yunis, no sul da estreita Faixa de Gaza. Dezoito corpos foram recuperados dos escombros e levados para um hospital, informou a Defesa Civil.
Netanyahu, segue determinado a iniciar uma ofensiva terrestre contra a cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza e apontada como o último reduto do Hamas, apesar das advertências dos Estados Unidos e de outros países, que temem um banho de sangue.
Segundo a ONU, quase 1,5 milhão de moradores de Gaza deslocados pela guerra estão aglomerados em Rafah, a maioria em acampamentos improvisados.
"Apreciar a moderação do Irã"
Vários analistas consideram que é quase inevitável que Israel responda ao ataque iraniano.
"A grande pergunta não é apenas se Israel vai agir, mas também o que decidirá fazer", declarou uma fonte do governo americano à AFP
Na reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada em caráter de urgência no domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou sobre uma possível intensificação do conflito no Oriente Médio.
"Nem a região, nem o mundo podem se permitir mais guerras", clamou Guterres. "O Oriente Médio está à beira do abismo", declarou.
O embaixador israelense, Gilad Erdan, defendeu na reunião que o Conselho de Segurança "precisa agir" e impor "todas as sanções possíveis ao Irã antes que seja tarde demais".
O porta-voz da diplomacia iraniana, Nasser Kananim, afirmou nesta segunda-feira que as potências ocidentais deveriam "apreciar a moderação do Irã nos últimos meses, ao invés de fazer acusações".
A República Islâmica do Irã defende a destruição de Israel, Estado que não reconhece, mas até sábado não havia atacado diretamente o território israelense.
Seus aliados, o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen, efetuaram vários ataques contra Israel desde o início da guerra em Gaza.
Nesta segunda-feira, o Hezbollah anunciou que ativou "artefatos explosivos" na passagem de soldados israelenses que, afirmou, atravessaram a fronteira com o Líbano.
O Exército confirmou que quatro soldados ficaram feridos e que o incidente ocorreu no Líbano.