Palestinos deslocados encontram destruição ''indescritível'' ao retornar a Khan Yunis
Moradores que regressam de Rafah têm dificuldades para encontrar os caminhos
Por AFP
Safa Qandil é uma deslocada que retornou nesta segunda-feira(8) a seu lar em Khan Yunis, no sul de Gaza, e constatou que não restou nada de sua casa, após meses de combates entre o Exército israelense e o movimento islamista palestino Hamas.
Após a retirada do Exército israelense no domingo, milhares de deslocados encontraram a paisagem apocalíptica de uma cidade devastada. A maioria descobriu que sua casa não existe mais.
"Esperávamos encontrar nossa casa ou suas ruínas e recuperar algo para nos abrigar", explica Qandil, 46 anos. "Mas não encontramos a casa", acrescenta. E isso não foi o pior. Seu filho e a esposa grávida foram mortos pelo Exército israelense.
"Minha tragédia é grande", lamenta, acrescentando que os israelenses também mataram "o pai, o irmão, a irmã, a tia e o resto da família da sua nora em um crime atroz".
"Em cada casa há um mártir (alguém morto) ou uma pessoa ferida. Palavras não são suficientes para descrever a magnitude da devastação e do sofrimento que vivemos", afirma.
A destruição da cidade é tanta que muitos moradores que regressam de Rafah, onde mais de 1,5 milhão de habitantes de Gaza se refugiaram, têm dificuldades para encontrar os caminhos.
Acampar sobre os escombros
"Não reconhecemos os lugares", comenta Salim Sharab. Outros contam que o cheiro de morte paira no ar, enquanto corpos são desenterrados entre os escombros.
A Defesa Civil da cidade solicitou nesta segunda-feira à ONU equipes para chegar até os cadáveres, a maioria, segundo eles, em avançado estado de decomposição.
Os combates e bombardeios arrasaram partes inteiras desta cidade onde viviam quase 400.000 pessoas.
"Minha casa ficou completamente destruída e restam apenas escombros. Meu coração está consumido pela dor. Em cada canto da minha casa havia recordações... a magnitude da devastação é indescritível", afirma Aisha Al Hoor.
Mohamed Dahalan foi um dos poucos que tiveram sorte. Seu apartamento ficou intacto, embora seus vizinhos tenham perdido paredes e janelas. Porém, o Exército israelense deixou "explosivos dentro e não sabemos como manuseá-los", explica.
"Não sobrou nada", comenta Muhamad Abu Diab, de 29 anos. "Buscarei entre os escombros até encontrar um roupa para vestir e viverei nas ruínas da minha casa mesmo que seja acampada. Estamos esgotados", afirma.
A guerra de Gaza eclodiu após o ataque de 7 de outubro de militantes do Hamas contra Israel, que causou a morte de 1.170 pessoas, em sua maioria civis, segundo dados israelenses.