Ucrânia bombardeia Rússia com mais de 53 drones e diz ter destruído seis aviões russos
Ofensiva ocorre dias após ataque kamikaze que atingiu fábrica russa; estratégia tem sido usada com frequência por Kiev, que busca cortar abastecimento de Moscou
Drone ucraniano destrói bombardeiro supersônico russo, em São Petersburgo - Foto: Reprodução/Twitter
Por Agência O Globo
A Ucrânia afirmou que destruiu seis aviões militares russos em um bombardeio contra a base aérea da região russa de Rostov do Don nesta sexta-feira (5). Fontes de segurança disseram à BBC que pelo menos mais oito aeronaves foram gravemente danificadas, e 20 pessoas poderiam ter sido mortas ou feridas. A base atingida abriga aviões Su-27 e Su-34, ambos usados na linha de frente da guerra na Ucrânia.
À AFP, uma fonte de segurança afirmou que o bombardeio foi uma “operação especial” conjunta do serviço de segurança ucraniano com o Exército. A fonte não revelou como a operação foi realizada, mas a Rússia relatou uma série de ataques contra várias regiões do país durante a madrugada. O Ministério da Defesa russo afirmou que o Exército neutralizou 53 drones ucranianos em diferentes áreas.
No distrito de Morozovsk, em Rostov do Don, uma subestação elétrica foi atingida, deixando cerca de 600 pessoas sem energia por algumas horas, segundo o governador local, Vasily Golubev. Em seu canal no Telegram, ele acrescentou que houve alguns danos em um prédio residencial de 16 andares, e que oito pessoas ficaram feridas pela detonação de explosivos em um dos drones caídos.
A cidade de Rostov do Don abriga a base militar das tropas russas que combatem na Ucrânia. De acordo com a fonte ucraniana que informou à AFP sobre o ataque, a operação deverá reduzir “consideravelmente o potencial de combate dos russos”. O entendimento é semelhante ao do analista militar russo da BBC, Pavel Aksyonov. Segundo ele, um ataque com tantos drones em pouco tempo pode ter sobrecarregado as defesas aéreas.
Nova estratégia
Nos últimos meses, o Exército ucraniano aumentou a frequência e intensidade dos bombardeios contra o território russo, atacando instalações militares, mas também a indústria energética. As forças de Kiev tentam cortar as cadeias de abastecimento do Exército russo, que segue ocupando cerca de 20% do território ucraniano. Até o momento, porém, a estratégia não conseguiu frear os ataques russos, que se intensificaram na região de Kharkiv.
Nesta terça-feira, um ataque com um avião modificado para voar sem piloto, reivindicado por Kiev, deixou 13 feridos em um complexo industrial na região russa do Tartaristão, a mais de 1.200 km da fronteira com a Ucrânia. O alvo principal seria uma unidade de produção dos drones de tecnologia iraniana Shahed — conhecidos na Rússia como Geran —, usados à exaustão em ações em solo ucraniano.
De acordo com as autoridades locais, as aeronaves não tripuladas atingiram um dormitório de estudantes da Universidade Politécnica de Yelabuga, uma zona econômica especial dentro do Tartaristão onde há um considerável parque industrial e petroquímico. O local fica a menos de 300 metros de unidades de montagem da versão russa dos drones Shahed-136, chamados localmente de Geran-2, que se tornaram uma arma preferencial de Moscou em sua invasão da Ucrânia.
Ataques com drones dentro da Rússia, apesar de criticados por Washington, são considerados uma arma legítima pelos ucranianos para responder à invasão iniciada em fevereiro de 2022. Os alvos preferenciais são as refinarias de petróleo, uma estratégia moldada para afetar a produção de combustível e, especialmente, as exportações, hoje uma fonte imprescindível de renda para Moscou.
Após mais de dois anos de conflito, os combates se concentram no Donbass, leste da Ucrânia, onde as autoridades russas afirmam que avançam para Chasiv Yar, uma localidade a 10 quilômetros de Bakhmut, posição que a Rússia ocupa desde maio de 2023. (Com AFP)