Português (Brasil)

Israel bombardeia Gaza de norte a sul

Israel bombardeia Gaza de norte a sul

Israel é responsável por pelo menos 36.550 mortos em Gaza até o momento

Compartilhe este conteúdo:

Mulher palestina consola outra em hospital após bombardeio de Israel - Foto: BASHAR TALEB / AFP

Por AFP

Israel bombardeou, nesta terça-feira (4), a Faixa de Gaza de norte a sul em sua ofensiva contra o Hamas, apesar dos apelos internacionais para uma trégua após quase oito meses de guerra.

Quase um mês depois de Israel iniciar a ofensiva terrestre contra Rafah, uma cidade do sul da Faixa na fronteira com o Egito, combates voltaram a ser registrados em outras áreas do território palestino.

Uma testemunha relatou disparos de artilharia em Khan Yunis, cidade praticamente destruída a alguns quilômetros de distância de Rafah, que foi bombardeada.

Os ataques israelenses também atingiram a Cidade de Gaza, no norte, bem como o acampamento palestino de Al Bureij e Deir el Balah, no centro do território governado pelo Hamas desde 2007.

A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os combatentes também sequestraram 251 pessoas. Israel afirma que 120 permanecem em cativeiro em Gaza, das quais 41 teriam morrido.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma ofensiva aérea e terrestre que deixa 36.550 mortos em Gaza até o momento, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Após quase oito meses de conflito, nada parece indicar que o plano para um cessar-fogo anunciado na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e que segundo ele foi proposto por Israel, vai prosperar.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta terça-feira pela noite que o gabinete de guerra estava reunido, sem oferecer outros detalhes.

Proposta 'parcial' 
O projeto, que tem o apoio dos países do G7, prevê um cessar-fogo de seis semanas e a retirada das forças israelenses das zonas densamente povoadas de Gaza, assim como a libertação de alguns reféns, em particular mulheres e pessoas com alguma doença, e de prisioneiros palestinos detidos por Israel.

Em uma fase posterior, o plano inclui o estabelecimento de um cessar-fogo "permanente", desde que o Hamas "cumpra os seus compromissos", segundo Biden.

Na segunda-feira, no entanto, o gabinete de Netanyahu, considerou que o projeto apresentado era "parcial" e afirmou que prosseguiria com a ofensiva até alcançar "todos os objetivos", incluindo a "destruição" do Hamas e o retorno de "todos os reféns" sequestrados em 7 de outubro.

O Catar, que atua como mediador entre Israel e o Hamas, afirmou nesta terça-feira que espera uma "posição clara" do governo israelense sobre o projeto. Também ressaltou que o Hamas ainda não anunciou sua posição sobre o plano.

O presidente francês, Emmanuel Macron, exortou o grupo islamista - classificado como organização "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia - a aceitar a proposta.

Netanyahu, que lidera um frágil governo de coalizão, a administração mais à direita da história do país, enfrenta uma pressão cada vez maior.

Parentes dos reféns protestaram e exigiram uma trégua, mas os aliados de extrema direita de Netanyahu ameaçam implodir o governo em caso de cessar-fogo.

Em contrapartida, os dois partidos religiosos ultraortodoxos que também fazem parte do Executivo, Shass e Judaísmo Unido da Torá, afirmaram que apoiam a proposta, para que os reféns possam ser libertados.

Em entrevista à revista Time publicada nesta terça, Biden disse que havia "motivos" para concluir que Netanyahu estava prolongando a guerra para sua própria sobrevivência política.

"Existem muitas razões para que as pessoas cheguem a essa conclusão", disse Biden durante a entrevista, que foi realizada antes de ele revelar o plano de trégua na sexta-feira.

'Águas residuais' 
As forças israelenses entraram em 7 de maio na cidade de Rafah onde, segundo a ONU, 1,4 milhão de palestinos estavam refugiados. Devido à operação, um milhão de pessoas foram forçadas a fugir novamente.

Além disso, a ofensiva contra Rafah, muito criticada pela comunidade internacional, agravou a crise humanitária no território, ao provocar o fechamento da passagem de fronteira com o Egito, crucial para o envio de ajuda internacional.

A representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Mediterrâneo Oriental, Hanan Balkhy, disse nesta terça à AFP que os habitantes de Gaza se veem obrigados a consumir águas residuais e a comer ração para gado. Gaza necessita de "paz" e um aumento da ajuda humanitária, insistiu ela na sede da organização em Genebra.

Entre as ruínas de Khan Yunis, os deslocados tentam seguir adiante. "Não há água potável. Não há vendedor de água na rua. Não há nem água do mar", disse Said Ashour, um dos deslocados, à AFP.

Compartilhe este conteúdo: