Poetisa brasileira Adélia Prado ganha o Prêmio Camões 2024
Mineira recebe homenagem do ministério da cultura português
Adélia Prado - Foto: Reprodução/Instagram
Por Agência O Globo
A poetisa e escritora brasileira Adélia Prado é vencedora do Prêmio Camões 2024. O anúncio foi feito pelo ministério da cultura de Portugal nesta quarta-feira (26). O valor da premiação é de 100 mil euros (quase R$ 600 mil).
Na semana passada, Adélia venceu o prêmio Prêmio Machado de Assis 2024, a mais importante honraria da Academia Brasileira de Letras (ABL) e uma das mais tradicionais do país.
Além do prêmio de 100 mil euros, divididos entre os governos brasileiro e português, o Camões dá direito a um diploma assinado pelos presidentes dos dois países.
O júri, formado por escritores e estudiosos brasileiros, portugueses e de Moçambique, finalizaram a decisão na manhã desta quarta-feira.
“Adélia Prado é autora de uma obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética. Herdeira de Carlos Drummond de Andrade, o autor que a deu a conhecer e que sobre ela escreveu as conhecidas palavra. Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo. Adélia Prado é há longos anos uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa”, declarou o júri.
O Prêmio Camões foi instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1989. No ano passado, o cantor Chico Buarque participou de uma cerimômia para receber o prêmio que venceu em 2019.
Na época, o então-presidente Jair Bolsonaro se recusou a assinar a documentação para o que ele recebesse o diploma. A pandemia de Covid-19 também atrasou a cerimônia, que foi realizada em abril de 2023, em Sintra, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Quem é Adélia Prado?
Nascida em 1935, na cidade de Divinópolis, em Minas Gerais, Adélia Prado é considerada por muitos a maior poetisa viva do Brasil.
Seu primeiro livro de poesias, "Bagagem", de 1976, foi elogiado por poetas como Carlos Drummond de Andrade. Professora por formação, ela exerceu o magistério durante 24 anos antes de se consagrar como escritora. “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo”, escreveu ele em uma crônica no Jornal do Brasil.
Seu trabalho é marcado por uma uma profunda sensibilidade para questões existenciais. Seus poemas combinam misticismo e cotidiano, abordando temas como vida interior, religiosidade e o feminino.
Entre poesia, prosa e antologias, Adélia já publicou mais de 20 livros. Ela é conhecida por escrever do ponto de vista de mulheres dedicadas à família, assombradas pela morte, que gostam de sexo e temem a Deus.
O poeta Affonso Romano de Sant’Anna já afirmou que “Adélia não usa uma linguagem de empréstimo aos homens”, mas “está ali pisando no seu chão", “com um caderno de poesia ao lado do fogão".